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Operário do Fielzão vira-casaca garante: 'Estou mais feliz'

Palmeirense, recusado nas obras da Arena Palestra, vira corintiano e agora ajuda a construir o futuro estádio do Timão

                                     

                      Operário do Fielzão, Bruno Gonçalves, se diz feliz como corintiano (Foto: Eduardo Viana)

Três meses como ajudante de produção na obra do futuro estádio do Timão foram o suficiente para converter Bruno Gonçalves ao corintianismo.

Pecado imperdoável, claro, no julgamento dos torcedores do Palmeiras.

Mas uma bênção divina a quem não aguentava mais sofrer por seu antigo clube do coração.

– Estou mais feliz. O Palmeiras está uma desgraça. Não ganha título importante há 12 anos. Pelo Corinthians, já gritei “campeão” esses dias. Tô te falando: torci pro Corinthians na decisão do Brasileiro, contra o Palmeiras. Tenho em casa ainda umas oito camisas do Palmeiras. Acho que vou dar – afirmou o jovem de 25 anos.

A decisão inusitada já o fez lidar com a fúria de um amigo palestrino, que não aguentou vê-lo comemorando o título alvinegro e quis arrumar confusão.

As gozações também são impiedosas, mas o rapaz garante nem ligar para a língua afiada de seus perseguidores e segue firme em suas novas convicções.

– Tem um monte de gente que me zoa. Tô nem vendo (sic). Tenho personalidade. Não é o time que faz a pessoa. Antes de zoar, tem de conhecer direito o ser humano – filosofa o vira-casaca.

Quem gostou dessa história foi o filho Pedro Henrique, de quatro anos, corintiano legítimo por influência do fanatismo da avó.

Agora o garoto vive a expectativa de finalmente ir ao novo templo alvinegro ver o Timão jogar ao lado do pai, hoje aliviado pelo menino não ter seguido os seus conselhos e exemplos paternos.

– Uma vez dei a camisa do Palmeiras pra ele e disse que não queria. Já tinha uns três anos. Minha mãe é corintiana fanática, de gritar, chorar, espernear, e ela sempre ficava gritando Corinthians. Então ele aprendeu, ficou com esse negócio na cabeça e é uma criança muito inteligente – comemora.

Pela felicidade do garoto Pedro Henrique e o fim do sofrimento com o Verdão, Bruno promete para sempre ser Fiel de coração.

Arena Palestra recusou Bruno

Antes de pedir emprego na obra do futuro estádio do Corinthians, Bruno Gonçalves tentou uma boquinha na Arena Palestra, que está sendo reconstruída.

Porém, o ajudante de produção deu com a cara na porta e parou no Fielzão.

– Fui lá na arena do Palmeiras, mas não consegui entrar. E minha carteira é boa, hein! Já trabalhei em duas obras do Rodoanel, obras grandes. Falaram que não estavam pegando no momento, e nem pegaram telefone, currículo. Só entrava por meio de indicação – afirmou Gonçalves.

Mas ele garante: não foi só por causa disso que virou a casaca. Perguntado se viraria são-paulino se trabalhasse nas obras do Morumbi,o rapaz foi taxativo:

– Bâmbi eu não viro, não! Bâmbi não! Pelo amor de Deus! Você é doido?! Ôxi! Bâmbi não! – brincou o corintiano.

Bruno Gonçalves - ajudante de produção do Fielzão, futuro estádio do Corinthians

Como foi tomar a decisão de virar corintiano?

Estou aqui dentro do estádio do Corinthians, não tem como. Comecei a torcer de uns tempos para cá. Foi campeão agora. Comecei a torcer, estou trabalhando aqui dentro, eles que pagam meu salário todo mês...

Mas aqui também está cheio de palmeirense, não?
Tem uns caras aí, sim. Mas tudo enrustido, com medo de falar que é palmeirense.

Já foi alguma vez ao estádio ver o Corinthians jogar?
Não cheguei a ir a estádio ainda, não. Mas acompanho pela televisão. Vi o Palmeiras ser campeão da Libertadores no estádio.

Como foi torcer para o Corinthians no jogo do título brasileiro, diante do Palmeiras?
Assim que acabou o jogo saí na rua para comemorar. Foi uma zoeira do caramba. Ôxi! Tinha um monte de gente que sabia que eu torcia para o Palmeiras. Os caras endoidam! Teve um até que queria arrumar confusão comigo. Ficava jogando piadinha para eu ficar nervoso, mas tô fora.

Você não tem medo de assumir que virou a casaca?

Não tenho medo, não. Pode publicar para todo mundo ver. Vão ler e saber da história. Me considero mais feliz.

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